Para compreender a Eubiose

Clóvis Bradaschia

Revista Dhâranâ nº 1 e 2 – Março a Junho de 1957 – Ano XXII

 

Este trabalho baseia-se no de LORENZO PAOLO DOMICIANI, intitulado O que é eubiose. Publicado na revista “Dhâranâ”, nos 4 e 5/6. Tem por finalidade apresentar de forma clara e concisa os fundamentos deste apaixonante tema, cuja aplicação prática, nos próximos decênios, implantará uma nova Vida na face da Terra, Aurora de Luz e de Esplendor, preparando-se para o advento do AVATARA AQUARIUS, no começo do século XXI.

 

EUBIOSE É A CIÊNCIA DA VIDA. E, como tal, é aquela que ensina o meio de se viver em harmonia com as leis da Natureza e, conseqüentemente, com as Leis Universais das quais as primeiras se derivam”.

 

A Eubiose visa o aprimoramento da Vida em todas as suas formas e debaixo de todos os aspectos. Por conseguinte, ela interessa fundamentalmente ao gênero humano cuja evolução constitui, sem dúvida alguma, o objetivo máximo da Vida na Terra, desde que se considere a Evolução como transformação da Vida-Energia em Vida-Consciência.

 

Assim sendo, a Eubiose visa assegurar a FELICIDADE a quantos à mesma se sujeitem.

Ela ensina que, antes de mais nada, é preciso que se aprenda a melhorar “interiormente”, a fim de que nossa situação comece pelo melhoramento desse mesmo interno para o externo (ou de dentro para fora...) e, em segundo lugar, a interessar-nos pela felicidade geral da Humanidade, donde deverá sair nossa própria felicidade, posto que a felicidade egoísta, com desprezo pelos demais, não satisfaz, absolutamente, a condição eubiótica do melhoramento. Infelizmente, é bem diverso o que vemos nos dias de hoje: “Aquele que aspira a sua própria felicidade, raramente a relaciona em íntima interdependência com a felicidade alheia”. No entanto, no sentido eubiótico, “toda felicidade, todo prazer que não contiver o menor vestígio de aperfeiçoamento, é fictício e ilícito”.

 

Através destes conceitos fundamentais de Eubiose pode-se, facilmente, aquilatar quão afastada se encontra a atual Humanidade da verdadeira Ciência Eubiótica ou teosófica. Para que ela de novo possa trilhar a senda perdida, mister se faz que a INFÂNCIA de hoje, esperança do mundo de amanhã (“SPES MESSIS IN SEMINE”, ou “a esperança da colheita reside na semente”, que é o lema da S.T.B.), possa ser educada segundo uma PEDAGOGIA NOVA, calcada num CONCEITO INTEGRAL DE EDUCAÇÃO.

 

Conceituar o que vem a ser EDUCAÇÃO INTEGRAL, eis o objetivo do presente trabalho, que se estriba em alguns conceitos fundamentais que, de serem TEOSÓFICOS, constituem a base da própria EUBIOSE.

 

Alguns conceitos fundamentais:

Todas as Religiões e Teogonias, tanto do Oriente como do Ocidente, são unânimes em admitir que deus é Uno e Trino: Pai, Mãe e Filho – Pai, Filho e Espírito Santo (Trindade cristã) – Brahmã Shiva e Vishnu (Trimurti hindu) – Anu, Hea e Bel (Trindade caldaica) – Kether, Chochmah e Binah (Trindade hebraica), o Triângulo indeformável maçônico, representando o Supremo Arquiteto, etc.

 

Ora, o homem, feito “à imagem e semelhança do Criador”, não podia deixar de ser Uno e Trino, isto é, CORPO, ALMA e ESPIRITO. O corpo físico é o instrumento da ação. Em si ele não é nem bom nem mau; é apenas um instrumento, gerado pelo “desejo” dos pais terrenos, ou seja pelo poder da VONTADE, manifestado como VONTADE INSTINTIVA, ou pré-vontade. Ao corpo físico corresponderá uma Alma, veículo Kamamanasico (sede das emoções e dos pensamentos), que anima (em latim “anima”, alma) o veículo físico, em função das skandas ou tendências decorrentes das “vidas anteriores”.

Sobre esta dualidade mortal “corpo-alma”, paira o Espírito imortal, teosoficamente denominado Mônada.

 

Segundo LAURENTUS, em seu livro Ocultismo e Teosofia, “a Mônada (do grego “um”, unitário) é um centro de consciência, centelha na Chama, participando das qualidades do Todo, por ser uma fração sua. Por isso é ela onisciente e onipotente em seu próprio plano. A Mônada é limitada, porém, em seus meios de ação, pelos veículos de que ela se serve para agir nos mundos inferiores. Ela é o grande Eu, “Purusha”, o Espírito no Homem. A Mônada vai adquirindo, gradativamente, a auto-consciência, graças à evolução da matéria que se aproxima, progressivamente, aos fins do Espírito. Isto, de acordo com as suas “skandas” ou tendências que não fazem senão desenvolver as possibilidades ilimitadas que nela se acham por toda a eternidade”.

 

Desta explanação decorre, em síntese, que o corpo físico, sendo o instrumento de ação, não é em si nem BOM e nem MAU. Por outro lado, o Espírito (ou Mônada), como o Ser, que age e ganha experiências através da Vida, paira acima de todo BEM e todo MAL. Donde todo MAL e todo BEM estarem manifestados na Alma, como sede das emoções e dos pensamentos. Donde a Alma, como intermediária entre o Plano Espiritual e o plano físico, entre Número e fenômeno, será depositária de todo Carma do Ser que evolui. Esta conclusão nos mostra a exatidão que se encerra no lema, já bastante popularizado, que diz: “A alma de toda a educação está na educação da Alma”.

Mister se faz, então, um perfeito conhecimento dos atributos da Alma Humana, para que ela possa ser aperfeiçoada ou educada, aproximando-se progressivamente das finalidades do Espírito.

 

Os atributos da alma humana:

Teosófica ou eubioticamente falando, três são os atributos da Divindade (a mesma TRINDADE Teológica): Sabedoria, Vontade e Atividade, na razão de Onipotência, Onisciência e Onipresença. Ou, com outras palavras, ainda:

 

Deus que tudo vê – Vontade permanente.

Deus que tudo sabe – Sabedoria permanente.

Deus que é tudo – Atividade permanente.

 

Tais atributos não poderiam deixar de estar inculcados na própria alma humana, já que “o homem foi feito à imagem e semelhança do Criador”. Tais poderes fundamentais da Alma Humana, são: Vontade, Mente (ou Inteligência) e Emoção. O aprimoramento da Vontade se faz através da “Atividade eubiótica”; o da Inteligência, através da “Instrução eubiótica”; o da Emotividade, através da “Educação eubiótica”. A qualificação “eubiótica” empregada, é para definir as duas condições, sine qua non, do “critério eubiótico”, que são: Perfeição e Felicidade.

 

Em cada um destes aspectos da Alma Humana, pode-se distinguir três modalidades, que vão do mínimo ao máximo, ou do inferior ao superior, perfazendo um total de nove princípios, ou as nove secções principais em que se divide a EUBIOSE, “especializando-se no modo de conseguir o maior desenvolvimento de cada uma delas para que a alma humana receba todo o desenvolvimento de que é capaz e, desse modo, possa descobrir outros tantos caminhos para a felicidade, pois é este, enfim, o término de todos os esforços para não dizer desde logo, a meta final das coisas...

 

Vontade instintiva: é aquela que impulsiona o homem a agir no sentido da conservação do indivíduo ou da espécie. É um impulso cego que se manifesta na energia nervosa; é, em realidade uma pré-vontade, por que a Vontade propriamente dita é o segundo aspecto.

 

Vontade consciente: é a Vontade propriamente dita que constitui o núcleo do Eu. “A este aspecto da alma humana é que se refere toda a História Política da Humanidade, no que diz respeito à Evolução do Direito e afirmação da Liberdade. Esta sintetiza toda a Evolução Eubiótica, enquanto aquele formou o ambiente para a sua mais completa manifestação. A Liberdade, palavra que encerra a síntese da concepção eubiótica (mas tão mal compreendida por muita “gente”...) nesse sentido, não é mais do que a possibilidade de manifestar-se, sem esmorecimento por parte de condições exógenas. A finalidade da Educação é preparar para a liberdade que, em última análise, só poderá ser obtida pela libertação da alma dos tentáculos do egoísmo, causa principal de todos os males.

 

A Vontade, debaixo do aspecto ATIVIDADE, predomina na Indústria, embora que exige o concurso da Arte (um dos aspectos da Emotividade) e da Ciência (um dos aspectos da Inteligência).”

 

Este segundo aspecto da Vontade desenvolve-se e educa-se pelo trabalho (Karma-Yoga) 2, em todas as suas formas, sempre que sejam eubióticas. Porém, nem todo o trabalho é eubiótico: o que desperdiça as faculdades, em vez de desenvolvê-las; o que esgota as forças além do reparável, o que não deixa uma sensação de prazer ou felicidade, não é um trabalho eubiótico, mas disbiótico, isto é, contrário à vida, da qual não podemos dispor à nossa vontade como muitos pensam. De fato, se a finalidade da Vida é a a busca da FELICIDADE, é a LIBERTAÇÃO; é fazer com que a Mônada vá adquirindo gradativamente a auto-consciência; é, em poucas palavras, a transformação da Vida-energia em Vida-consciência, fácil será concluir que o trabalho deverá ser eubiótico. Isto é, o homem deve trabalhar para viver e não – como geralmente acontece hoje em dia, em virtude das dificuldades crescentes – viver para trabalhar.

 

 2 Existem iogues que meditam e iogues que agem. O iogue da ação é o “karma–iogue”. Mahatma Gandhi, o grande político e idealista hindu, ao qual a Índia deve sua libertação política dizia-se um “karma-ioguin”. Este age, porém renuncia ao fruto da ação (veja-se Gândi, Sua vida e sua mensagem para o mundo, de Louis Fischer). A verdadeira Iôga é altruísta.

 

Supra-Vontade: é aquela em que o Eu renuncia ao seu interesse, ou à afirmação de si mesmo, em virtude de motivos superiores, e que constituem, precisamente, a base psicológica da MORALIDADE. É o tipo de Vontade que tem dominado todos os Seres realmente grandes que tem vindo a este mundo, e que tudo renunciaram a favor da Humanidade, pela qual deram até mesmo o seu Sangue e a sua Vida. É a Vontade que deve dominar os verdadeiros políticos, quando se considera a Política como a ciência e a arte de dirigir os homens. Em conseqüência, o verdadeiro político, ao se colocar a serviço dos homens, deverá fazê-lo com renúncia ou esquecimento de toda e qualquer espécie de egoísmo. Não é necessário apontar aqui que este conceito ideal de verdadeira política, como tantos outros de valor, se acha no presente momento da Humanidade, profundamente subvertido, para não dizer anarquizado.

 

Inteligência instintiva: ou pré-consciência mental, compreende o domínio das sensações.

 

Inteligência propriamente dita: ou mente consciente é aquela que já deveria estar predominando na maioria dos homens. Infelizmente o que ainda predomina, na maioria, é a inteligência instintiva, associada à emoção de mesma natureza que, quando associada à uma vontade poderosa, gera o egoísmo no seu mais alto grau, responsável por todas as misérias que assolam o mundo.

 

O predomínio da Mente engendrou a Ciência, e esta, associada à Arte de fazer, engendrou a Tecnologia, responsável pela Indústria em todas as suas modalidades.

 

O desenvolvimento da Mente se faz pelo estudo, pela meditação, pela Yoga 3 (Jnana Yoga). A Instrução refere-se à Inteligência e a Educação à Emotividade. A Instrução para ser verdadeira há de ser eubiótica, isto é, de conduzir o indivíduo à verdadeira Sabedoria. Neste ponto impõem-se distinguir-se entre “homem culto” e “homem sábio”. Culto é apenas o homem que sabe uma porção de coisas, enquanto que sábio é aquele que, além de conhecer as coisas como elas são, isto é, teosoficamente, também sabe aplicá-las eubioticamente em busca da felicidade (tanto a sua como a do próximo). Por aqui se vê que, na época atual, grande é o número de homens de cultura, enquanto que poucos são os verdadeiros sábios.

 

É pelo Mental 4 que o homem se distingue dos animais. Donde o seu desenvolvimento interior estar inteiramente subordinado ao desenvolvimento do Mental.

 

DHÂRANÂ é um vocábulo sânscrito que significa a “intensa e perfeita concentração da mente, em determinado objeto interno, com a completa abstração do mundo dos sentidos”, isto é, “o sumo controle do pensamento, da inteligência ou do mental”. Tal foi o nome que teve a S.T.B. no seu início (em 1924), e que ainda hoje se conserva em seu órgão oficial, demonstrando assim, claramente, que ela é um Colégio Iniciático que visa a regeneração do gênero humano, através da transformação da Inteligência ou do Mental.

 

3 Jnana, Bhakti e karma são os três caminhos da Vedanta. Jnana (e daí a palavra “Jina” ou “Djin”, da qual também procede “gênio”, no sentido de ilustre, sábio, imortal), corresponde ao Conhecimento, Sabedoria, Inteligência; Bhakti, ao Amor, à Mística, à Devoção; Karma, à Ação, à Realização. Em verdade, Karma deve ocupar o centro, tendo Jnana e Bhakti por colunas. Ou, com outras palavras, Jnana e Bhajti, isto é, a Inteligência e o Amor, é que devem conduzir o Ser à Ação (Karma) justa e perfeita. Agir sem se prender aos frutos da ação, tal como ensina Krishna ao seu discípulo Arjuna, no Bhagavad-Gitâ, é que define o perfeito karma-ioguin.

 

4 A palavra Mental tem sua origem no termo sânscrito Manas, que significa o princípio do discernimento ou da Inteligência. De Manas vieram outros termos conhecidos como Maná, manu, man (em inglês homem) e o próprio termo ho-mem, etc. A expressão bíblica “maná caído do céu” não se refere, como julga a maioria, ao alimento físico, mas sim, “ao alimento espiritual”, ou Sabedoria Divina (ou Teosofia), que o Manu (ou aquele que vem à frente, ou à mão de seu povo) ofereceu “ao povo eleito”, ou sua família espiritual, como acontece em todos os ciclos raciais.

 

 

Supra-inteligência: é a “supra-consciência mental ou das Intuições, que é o mesmo plano Búdico da Teosofia, imediatamente acima do mental, que é a alma do conhecimento filosófico, por sua vez, cúspide banhada em luz, com relação às ciências empíricas , que formam o território onde a Mente propriamente dita, ou Inteligência, é senhora soberana”.

 

A supra-inteligência, ou intuição, é o “conhecimento direto dos iluminados”. É o plano supramental de Aurobindo, onde o conhecimento direto não carece de demonstração. O homem que atinge este plano, deixa de ser vulgar, para se tornar um Super-homem, Gênio ou Jina, por ter identificado sua consciência com a própria MENTE UNIVERSAL.

 

Sub-emoção: ou pré-consciência emotiva, compreende os instintos vitais que operam as funções de nutrição, reprodução e defesa. Ela abrange, portanto, as paixões que devem ser progressivamente sublimadas pela Educação que, como já foi visto, refere-se à Emotividade.

 

Emoção propriamente dita: na escada evolucional os instintos vitais evoluem desenvolvendo os sentimentos, ou emoção propriamente dita, sob a forma de amor humano e da emoção artística que, através do Belo, engendrou a Arte em todas as suas formas.

Quanto ao amor humano, não deve ser confundido com paixão. Esta é egoísta, enquanto que aquele é altruísta e deseja, acima de tudo, a felicidade do ser amado. É o laço que se estabelece entre os esposos que verdadeiramente se amam e se respeitam, entre pais e filhos, entre os irmãos, etc. É o laço que deve unir todos os seres pelo sentimento de fraternidade, realizando a máxima do meigo Nazareno: “Amai-vos uns aos outros”.

 

Super-emoção: ou emoção mística, representa a cúspide da emotividade. É a afinidade do indivíduo pelo TODO, que é o puro e profundo Amor místico de todas as religiões 5 . É o Amor que tem levado os Grandes Renunciadores e Redentores ao sacrifício máximo. É a origem da suprema moralidade, que se encerra no precioso aforismo: “EU NÃO SOU MAIS DO QUE UM DOS TANTOS; cada um dos OUTROS é OUTRO EU”, o que, desfeitas as pérfidas insinuações do egoísmo, é uma verdade indiscutível.

 

Combinações possíveis dos poderes fundamentais da alma: Um ser que apresente em sua alma, no ciclo atual, apenas as possibilidades instintivas da mesma, não passa de um ser muito vulgar, mais animal do que homem e, portanto, condenado a não participar do próximo ciclo, em virtude do fenômeno do Julgamento que, já de há muito tempo vem sendo anunciado pela S.T.B. 6 .

 

Um homem que apresente desenvolvidos os poderes intermediários da alma, pode ser considerado um Homem Perfeito, um verdadeiro Adepto da Boa Lei.

 

Finalmente, um Ser que apresente os atributos superiores da alma, deixa propriamente de ser um homem, para ser um Bodhisattwa, um Cristo, um Buda de Compaixão, etc.

 

Os choques existentes no mundo de hoje, resultam de não haver equilíbrio entre os homens, que apresentam os “estados de consciência” os mais diversos possíveis, onde predomina o egoísmo em todas as suas formas e gradações. No entanto, o “Julgamento cíclico”, que este ano se encontra em sua plena definição (por ser o ano “definidor”), saberá separar “o bom trigo do joio”, isto é, aqueles que terão o direito de continuar sua evolução no próximo ciclo, daqueles que não mais reencarnarão.

 

 

5 Sobre o termo Religião diz o eminente teósofo Dr. Mario Roso de Luna, na Introdução de “El simbolismo de lãs religiones Del mundo”, o seguinte: “ligo, liga, ligare, é atar ou ligar em latim, e re-ligo, religas, religare – ligar duas vezes – é a pura etimologia de nossa palavra religião. É, portanto, religioso tudo o que liga os homens entre si, assim como os homens a Deus, e irreligioso, o que separa ou desliga”.

 

E em outro, dos seus incomparáveis estudos, diz Roso de Luna: “Krishna, Buda, Jesus, etc. foram Seres Superiores que nos deram doutrinas eficazes, para que nós – com os nossos próprios esforços – nos remíssemos. Nenhum deles fundou a religião que se lhes atribui. Quem logo fundou-a, foi o imperialismo de seus pretensos discípulos, os quais, escravos do inerte dogma que criavam, esqueceram que “religião” não é “crença”, e sim uma dupla “ligadura” de fraternidade entre os homens, segundo a sua etimologia latina”.

 

6 De há muito a Sociedade Teosófica Brasileira vem anunciando o Julgamento Cíclico, ao mesmo tempo que anuncia o fim de um ciclo e o dealbar de um outro cheio de esperanças para a humanidade. Na revista “O Luzeiro”, nº 20/21 – 1954, suplemento da revista “Dhâranâ”, já se encontra o seguinte:

“- É a hora de separar o bom trigo do joio”. O ano de 1956 é o do Julgamento Humano! Bem poucos saberão, entretanto, donde o mesmo virá, se debaixo ou de cima, dos lados, de que misterioso lugar da terra se manifestará! Antes disso, porém, cada qual que escolha o Caminho que lhe ditar a Consciência, mas sem confundir o “Ilusório com o Real, as Trevas com a Luz e a Morte com a Imortalidade...!

Se o ano de 1956 foi o JULGADOR, o atual está sendo o DEFINIDOR dos destinos humanos.

 

A situação mundial à luz da Eubiose:

À luz de tudo o que foi exposto até aqui sobre o apaixonante tema que constitui a EUBIOSE, fácil seria uma análise crítica do panorama mundial, abordado através dos setores mais importantes da vida humana. Assim, à luz da EUBIOSE, poderiam ser estudados vários pontos de maior realce, por estarem mais estreitamente ligados aos dois objetivos máximos da Evolução Humana que são PERFEIÇÃO e FELICIDADE.

Vejamos alguns deles: 1) Política e Eubiose; 2) Ciência e Eubiose; 3) Educação e Eubiose; 4) Arte e Eubiose; 5) Higiene e Eubiose, em que se deveria incluir um importantíssimo capítulo sobre “alimentação Eubiótica7 ; 6) Literatura e Eubiose; etc. etc.

 

Tais estudos, no entanto, ultrapassam de muito a modéstia do presente trabalho. Assim sendo, seu autor preferiu se limitar apenas a tecer ligeiros comentários sobre assuntos que se enquadram em dois dos temas apontados.

 

Ciência e Eubiose:

De acordo com a Eubiose, a Ciência, cujo desenvolvimento se deve à Inteligência, deveria ser um poderoso instrumento da Evolução, concorrendo para a felicidade humana. No entanto, nem sempre os cientistas tem trabalhado eubioticamente. O setor da energia atômica, que mais de perto nos interessa no momento, constitui um exemplo frisante de desenvolvimento científico etecnológico conduzido de forma não-eubiótica. E isto porque os cientistas ainda não conhecem, em suas conseqüências últimas, os efeitos das irradiações atômicas, desenvolvidas em suas experiências, sobre a vida humana, que deve ser preservada a todo custo, sob pena da Humanidade cessar bruscamente sua marcha evolutiva.

A Sociedade Teosófica Brasileira (S.B.E.), detentora da Verdadeira EUBIOSE, e, por conseguinte, conhecedora de todas as coisas que possam ou não interessar à evolução humana, de há muito vem clamando, de um lado, contra os perigos de uma guerra atômica, e, de outro, contra os perigos das explosões e demais experiências atômicas mal conduzidas, que poderão seriamente afetar o gênero humano.

 

7 Qualquer estudo de maior profundidade sobre “Alimentação Eubiótica”, terá de se apoiar sobre a magnífica obra do eminente médico patrício, Dr. Josué de Castro, intitulada Geopolítica da Fome, que, pelo seu imenso valor, mereceu ser traduzida para todas as línguas de maior importância.

 

O Dirigente Cultural e Espiritual da S.T.B., Prof. Henrique José de Souza, com o pseudônimo de LAURENTUS, já em 1949, assim se expressava em seu livro Ocultismo e Teosofia:

“Muito antes que se manifestassem os que são tidos como sábios, inclusive os da Academia de Medicina de França, através do Dr. Lacassagne, apontando a influência da energia atômica sobre os ossos, a circulação, etc., e agora, os da própria América do Norte, afirmando “que ficou constatado que mais de mil crianças atingidas pelas vibrações atômicas da Baia de Bikini, tiveram o crescimento paralisado, etc.”, já falávamos dos efeitos trágicos das bombas lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, assim como as que, por simples experiência, na mencionada Baia de Bikini. E elas continuam até hoje modificando a face das coisas, pouco importando a opinião daqueles que nem sequer foram os seus descobridores.”

 

“Quanto ao bombardeio da Baia de Bikini, de tão desastrosos efeitos para o mundo, aconteceu um fenômeno que até hoje a ciência oficial não explica, qual o dos enfermeiros e enfermeiras da Cruz Vermelha, ao tratarem, dias depois, dos que foram atingidos pelas vibrações, ou antes, circunvoluções atômicas, verem brotar em si, em lugares idênticos, e do mesmo tamanho, feridas iguais às das referidas vítimas. Fomos os únicos que revelaram a razão de ser do fenômeno: repercussões hiper-físicas produzidas na pele dos enfermeiros, por terem eles penetrado no ovo áurico ou ambiente das vítimas.

 

Um cruzamento, digamos assim, entre os duplo etéricos de uns e outros. Que sabe a ciência oficial a respeito? Nada, absolutamente nada,. Pois bem, do mesmo mal está sofrendo agora, alguns anos depois, todo o Globo terrestre, porque tais circunvoluções, com o tempo envolveram todo o seu ambiente ou ovo áurico. A Terra é um ser vivo. E quem dentro dela comete desatinos idênticos, não passa de ignorante e perverso, porque, como seu habitante, não pode deixar de se fazer sua própria vítima.

A “Mensagem dos pupilos da S.T.B. ao mundo”, enviada nos primeiros dias de 1956 à ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), que a enviou à Comissão do Desarmamento, foi mais um brado de alerta, sobre o mesmo assunto, culminando com o “DIES IRAE” de Laurentus, onde se destaca o seguinte trecho:

“Não se pode negar que o DIES IRAE aponta a hora trágica da Humanidade. Sim, a Lei (de Deus) está em IRA contra os homens perversos da Terra. Três países, que não cessam suas experiências com as bombas atômicas e de hidrogênio, inscrevem essa mesma IRA: Inglaterra-Russia-América. Por toda parte, essa mesma IRA se manifesta. E  isso, causado por Ignorância-Rebeldia-Altivez. E se usamos apenas o nosso idioma, é pelo fato, mais uma vez o dizemos de o Brasil ser o santuário da Iniciação do Gênero Humano a caminho da sociedade futura”.

 

“Por isso mesmo, ninguém deve duvidar de que uma grande ameaça paira sobre o mundo. Só não a percebem os que tem os olhos e não vem, os que tem ouvidos e não

ouvem... finalmente, só tendo boca, preferem falsear a Verdade em seu próprio favor, mas em detrimento do próximo”.

 

De acordo com os ensinamentos ministrados na S.T.B., as explosões atômicas criam circunvoluções que, pouco a pouco estão envolvendo todo o Globo terrestre. Este fenômeno é semelhante ao que se dá com o ovo áurico das pessoas atingidas pelas irradiações atômicas, isto é, as circunvoluções permanecem por tempo ainda desconhecido, tanto no ovo áurico das pessoas, como no da Terra que, teosoficamente falando, deve ser considerada como um Ser Vivente, cuja evolução poderá ser gravemente prejudicada pelas circunvoluções atômicas.

 

Segundo, ainda, ensinamentos ministrados pelo Prof. H. J. Souza, somente o BOMBARDEIO ELETRÔNICO, cientificamente dirigido, poderá por termo as circunvoluções atômicas, pela fragmentação das linhas curvas..., livrando assim a

 

Humanidade do tremendo “carma” de ter, ignaramente, rompido o equilíbrio das forças da natureza, como se fosse o aprendiz de feiticeiro, que não mais sabia deter as forças desencadeadas pela sua magia incompleta.

Felizmente, os verdadeiros homens de ciência começam a compreender aquilo que a S.T.B. vem proclamando desde 1945, quando da destruição de Hiroshima e Nagasaki.

 

Na revista McCall´s de janeiro deste ano, foi publicado, por Pare Lorentz, um artigo imensamente valioso, intitulado A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA. Em magnífica explanação o autor analisa fatos sobre “os perigos terríveis em tempos de paz dos venenos radioativos – venenos que absorvemos diariamente com os alimentos que comemos e com o ar que respiramos – venenos que poderão prejudicar os nossos filhos

ainda não nascidos, assim como a nós mesmos”.

 

“Não é segredo hoje”, diz o autor, “que uma guerra de hidrogênio, não importa quem a começa ou quem é atacado, significa a destruição da maior parte da raça humana. Um dos nossos próprios Generais, de muita fama, mencionou publicamente que um ataque a hidrogênio pelas Forças, poderá tirar a vida de 300 a 400 milhões de pessoas – inimigos ou aliados – dependendo da direção dos ventos”.

 

O que é ainda tão bem conhecido, mas que poderá ser igualmente desastroso, é uma possível degeneração lenta da raça humana causada pelos venenos radioativos soltos durante tempos de paz”.

Mais adiante, torna a dizer o autor:

“Há grande desacordo entre os cientistas sobre a quantidade de irradiações perigosas e o que é “permissível”. Porém, sobre alguns pontos todas as pessoas de conhecimento concordam:

1. Nenhuma quantidade de irradiação produzida pelo homem, é boa para a saúde dos seres viventes. Qualquer intensidade de exposição prejudica, mesmo de leve.

2. As irradiações são cumulativas e irreversíveis.

3. Não há tal coisa como “uso pacífico de energia atômica”, se por “pacífico” se entende “não prejudicial”.

4. Quanto maior número de pessoas são expostas às irradiações, tanto mais prejudicial às gerações ainda não nascidas.

 

“O relatório do Comitê genético da Academia Nacional de Ciências foi unânime e categórico: - Qualquer irradiação é geneticamente indesejável, uma vez que toda irradiação causa modificações prejudiciais. Este composto químico complexo conhecido por “gene” danificado vai prejudicar algum descendente, mesmo que pule muitas gerações antes de acontecer. Poderá causar prejuízos físicos e mentais a uma linha inteira, e continuar a produzir efeitos até que acabará destruindo toda a linha”.

 

Mais adiante o autor ainda diz de forma conclusiva:

“Um estudo cuidadoso dos relatórios oficiais de nossas próprias autoridades, deveria convencer qualquer um que, cedo ou tarde, os poderes atômicos deverão parar de emitir substâncias venenosas na atmosfera. Se não pararem e não pararem completamente, eles provocarão uma aniquilação mútua, tão certo como se estivessem de fato comprometidos atualmente numa guerra a hidrogênio.”

 

Conclusão:

No capítulo “Ciência e Eubiose” abordou-se apenas o item relativo às experiências atômicas, justamente por ser aquele que mais perigosamente está afetando, e muito ainda poderá afetar, a Humanidade. No entanto, o mesmo acontece em outros setores da Ciência Aplicada. Na Metalurgia, por exemplo, todas as vezes que é descoberto um aço mais resistente, imediatamente os fazedores de guerra procuram utilizá-lo na couraça dos tanques e dos navios de guerra, ou na fabricação de mais potentes canhões e metralhadoras. O mesmo acontece com o chamado “progresso da aviação”: qualquer descoberta nova é imediatamente aplicada nos aviões de guerra.

 

Eis aí o triste panorama da Ciência atual: rica de possibilidades e pobre em realizações verdadeiramente eubióticas, muito se assemelhando aos poderosos da terra que não sabem aplicar eubioticamente a sua fortuna, malbaratando-a em coisas inúteis ou prejudiciais à sua própria evolução ou de seus semelhantes.

 

E porque tudo isso acontece? Porque ainda não se implantou na Terra a verdadeira Eubiose, como único meio capaz de extirpar as ervas daninhas do egoísmo e de rasgar os véus que ocultam, à mente humana, os fúlgidos raios da Verdade.

E como se poderá, implantar a Eubiose entre os homens? Só há um caminho: através de uma PEDAGOGIA NOVA que permita a EDUCAÇÃO INTEGRAL dos seres humanos.

 

Educação e Eubiose:

Já foi dito, no início, que “a alma de toda educação está na educação da Alma”. Portanto, a Educação Eubiótica, visando primeiramente a Infância, deverá aprimorar a alma pelo aprimoramento de seus atributos: Vontade, Inteligência e Emotividade, de cujos aspectos já se falou longamente.

 

A Vontade é aprimorada pelo trabalho, pela ação eubiótica. A Instrução refere-se à Inteligência e a Educação à Emotividade. No entanto, “que grande reforma exigem tanto a Educação quanto a Instrução, para o aperfeiçoamento dos seus “Educandos”, a fim de que os mesmos sejam felizes! Uma Instrução que cansa, uma educação que oprime, não é eubiótica. Ademais deve-se por a educação em condições de cada um continuar a fazer o seu próprio aperfeiçoamento, mesmo depois de ter abandonado a tutela de seus mestres. De nada vale uma didática que não inclua seu esforço tornando auto-didáticos aos educandos.”

 

“O pedagogo que inventou a máxima Ensinar deleitando, estava inspirado por uma tendência francamente eubiótica, embora que de uma Eubiose empírica e, portanto defeituosa. Esqueceu-se de juntar: deleitando e melhorando o discípulo, pois, se tais deleites forem mórbidos, como por exemplo, os dos ensinamentos obscenos, ou de anedotas e outras coisas mais do mesmo gênero (não falemos das tais leituras encontradas por toda a parte, inclusive nas bancas de jornais, o que é uma vergonha para os nossos foros de país civilizado...), tão ao gosto e paladar de muita gente, inclusive de idade avançada, e que nada tem de aperfeiçoamento e sim, degradação de caráter, faltar-lhe-ia, portanto, duas das condições, sine qua non, que limitam e definem, com exatidão, um critério eubiótico, e que são, como já foi dito, Perfeição e Felicidade8 .

Não basta, entretanto, apenas instruir nos princípios das ciências positivas e de suas aplicações imediatas. É preciso despertar no educando o gosto pelas perquirições sobre as orígens das coisas, sobre a origem da Vida e suas finalidades. Só deste modo poderá o educando atingir a felicidade suprema que é a LIBERTAÇÃO, das negras garras da ignorância. Tal é a finalidade máxima da educação: preparar para a LIBERDADE.

 

8 O grande escritor patrício Monteiro Lobato, foi um dos poucos que soube realizar a máxima “ensinar deleitando”. Sua literatura infantil (para crianças de todas as idades...), embora pequeninas restrições de ordem conceitual (perfeitamente compreensível por não ter sido Lobato um Iniciado, embora tenha tido grandes intuições...), pode ser considerada eubiótica, e deveria ser mais divulgada entre as crianças de nosso País.

 

O papel da S.T.B. no ciclo atual:

Consoante tem sido anunciado, há vários anos, e de acordo com o que foi exposto até aqui, a partir deste ano “definidor”, o extraordinário papel educacional da S.T.B. abrangerá, de um lado, a infância e, de outro, os adultos julgados “aptos”. “A S.T.B., propriamente dita, vai cuidar da educação das Crianças, como SEMENTE DA NOVA CIVILIZAÇÃO 9 (Spes Messis In Semine, foi sempre o lema da S.T.B.), enquanto que a ORDEM DO SANTO GRAAL, como GRANDE OCIDENTE, irá cuidar da REEDUCAÇÃO DOS ADULTOS, que para tanto forem julgados aptos, através de um critério iniciático calcado em moldes mui diferentes daqueles que foram adotados pela S.T.B. em seu círculo mais interno...”

 

Para este esforço gigantesco, será preciso que os homens “validos” do Brasil e do Mundo, isto é, os mesmos “aptos” a que nos referimos anteriormente, sobretudo os verdadeiros intelectuais, cerrem fileiras em torno do estandarte de “Paz, Amor e Sabedoria” desfraldado pela S.T.B. desde 1924.

 

Conforme já foi publicado na revista “Dhâranâ”, no 15/16:

“Os ensinamentos que a S.T.B. vem ministrando, há longos 32 anos (1925 a 1956), já devem ser suficientes para levar os homens verdadeiramente ilustres do Brasil, a distinguirem “o Real do ilusório, o Verdadeiro do falso, a luz da obscuridade”. Tais ensinamentos tem sido caracterizados pelo ineditismo que realça tudo quanto dizemos, mesmo que coberto “com o véu diáfano da fantasia” ou da Maya budista com que na Índia se iniciavam os discípulos para que estes por si sós, pudessem descobrir o restante” 10.

 

9 Tendo em vista a NOVA CIVILIZAÇÃO que fará seu aparecimento no Brasil (pouco nos importando as opiniões em contrário, dos não-iniciados...), o Governo Federal devia impedir a entrada em nosso País, de imigrantes vindos da zona do Pacífico e de outros lugares onde são feitos experiências atômicas, por poderem trazer em seus “ovos áuricos”, emanação de energia nuclear altamente nociva, prejudicando a todos quantos deles se aproximam. Estas emanações, ou circunvoluções, afetam especialmente os órgãos genitais. E como a S.T.B. trabalha por uma Nova Civilização, lança mais uma vez o seu protesto...

 

10 O próprio Oriente já começa a perceber e anunciar o papel da S.T.B. Queira o leitor reportar-se ao trabalho publicado neste número de “Dhâranâ”: A MISSÃO DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA JÁ REPERCUTE NO PRÓPRIO ORIENTE.

 

“Tudo quanto se conhece do passado, a começar pelos psiquismos aberrantes, para nós não tem mais cabimento. Aqueles que ainda puderem dar ingresso na ORDEM DO SANTO GRAAL, apresentados por um Irmão graduado na S.T.B., terão de deixar do lado de fora seus velhos chinelos do ciclo agonizante, para poderem ingressar no Sacrossanto Tabernáculo da O.S.G.

 

“Jamais nos interessou a quantidade, mas apenas a qualidade”. É para os homens de elite que apelamos! E é para estes, ainda, que mais uma vez transcrevemos, nesta Revista, os mais que iniciáticos versos do poeta português Augusto Ferreira Gomes, extraídos de seu livro

 

O Quinto Império:

“Ao noturno passado – fé crescente –

erguendo olhos em sombras abismados,

e fechando-os de novo marejados

pelo sinal da névoa ainda ausente,

todos sentem que a alma, em vão dormente,

cisma com horizontes dilatados;

e vivem a verdade de esperados

domínios. E assim, abstratamente,

se constrói um Império ao pé do Mar,

- sentido universal de um só altar –

fundindo-se no céu imenso e aberto...

gentes! Esperai que Deus, com sua mão,

desfaça para sempre a cerração

que envolve a tanto tempo o Encoberto...

“Quando dado o Sinal, o Império for

e quando o OCIDENTE ressurgir,

no momento marcado hão-de tinir

pelos ares as trombetas do Senhor.

E haverá pelos céus só paz e amor.

UM SÓ CALIX DE OURO há-de fulgir,

Uma só cruz na terra há-de existir

Sem inspirar receio nem temor...

Será a hora estranha da Verdade.

E morta a pompa do pagão sentido,

Surgirá então A OUTRA IDADE.

Acabará este viver incerto.

Será o Império único e unido

Quando der o sinal o Encoberto!

 

S. Lourenço, 23 de fevereiro de 1957.

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